domingo, 3 de setembro de 2017

Meu primeiro dia em São Paulo

Neste texto estou relatando resumidamente a trajetória da minha vida, destacando uma palavra desafiadora que ouvi no meu primeiro dia em São Paulo.

A minha caminhada em direção a São Paulo iniciou num sábado, dia 18 de julho de 1959, quando eu deixei o pequeno povoado de Itamira, Município de Mucurici, Estado do Espírito Santo, onde morava juntamente com meus pais e grande parte da minha parentela. Itamira pertence atualmente ao Município de Ponto Belo. 

Eu tinha pouco mais de 16 anos de idade, e viajei sozinho. 
Tomei a marinete que fazia diariamente a linha de Nova Venécia, Espírito Santo, para Nanuque, Minas Gerais, passando por Itamira. Segui para Nanuque, depois para Teófilo Otoni e Governador Valadares, e em seguida, Rio de Janeiro e São Paulo.

O Estado do Espírito Santo não é a minha terra natal.
Nasci no Estado da Bahia. Fui batizado em Boa Nova, e registrado no Cartório do Distrito de Boaçu, Município de Jequié. 

Meu sonho desde criança era vir para São Paulo.
Com sete anos de idade fui levado por meus pais para as matas do Contestado, onde hoje é o norte do Espírito Santo. É lá que fica Itamira, de onde eu saí sozinho, com 16 anos de idade, para vir para São Paulo. 

A viagem foi emocionante, uma mistura de curiosidade e medo.

Meu primeiro dia em São Paulo foi 21 de julho de 1959, uma terça-feira.
Desembarquei do trem na Estação do Norte, no Brás, e fui para a casa de um conhecido na Freguesia do Ó.
A primeira frase que ouvi do dono da casa não foi nada animadora, mas foi desafiadora:
 "Meu filho, São Paulo é terra onde filho chora e pai não vê”.

No dia seguinte, fui para a casa de um tio que eu não conhecia.
No dia 1º de agosto, dez dias depois da minha chegada, comecei a trabalhar como office-boy numa multinacional alemã.

Daí para frente foi só trabalho e estudo.
Tive oportunidade de concluir quatro cursos superiores, Teologia, Filosofia, Pedagogia e Direito, e duas especializações, Educação de Jovens e Adultos e Gestão Pública Municipal.
Estou habilitado legalmente como pastor, professor, orientador educacional, advogado e jornalista.

Casei, gerei quatro filhos, os quais me deram oito netos.

Muitas coisas aconteceram em minha vida.
Morei em muitos lugares. Conheci muita gente. Tive alegrias e tristezas.
Sempre estudando e trabalhando na educação e na evangelização em todos os lugares por onde passei, tais como, Ponta Porã e Dourados, MS, Flórida Paulista, SP, e, sobretudo em São Paulo, Capital.
Participei de Campanhas Evangelísticas em Portugal, Espanha, Chile e Paraguai. 

Estou em Tapiraí, SP, juntamente com minha esposa Adriana, desde o ano 2010, onde cuidamos de uma pequena Igreja Batista até o dia 31 de agosto de 2017, e continuamos realizando a leitura pública das Sagradas Escrituras na Praça da Rodoviária todos os dias, de segunda a sexta-feira, às oito horas da manhã.
Realizamos também a leitura da Bíblia na Rua em Piedade todas as segundas-feiras às dezoito horas.

Concluindo, se São Paulo é terra onde filho chora e pai não vê, como disse o senhor Manoel Alves Aranha, dono da casa onde passei minha primeira noite em São Paulo, não sei, mas de uma coisa tenho certeza: Nosso Pai Celestial vê e ouve o choro dos seus filhos, estejam onde estiverem.

Louvado seja Deus por tudo!

Adriano Pereira de Oliveira, Tapiraí, São Paulo, Brasil.