Alguns pregadores evangélicos costumam fazer apelo no final da pregação para
saber quem quer aceitar Jesus como Salvador.
Muita gente tem entregado sua vida a Jesus em resposta a esses apelos.
Louvado seja Deus por isso!
Mas esses apelos, em alguns casos, podem conter chantagens ou imprecisões,
isto é, falta de clareza.
Considero que o apelo é chantagioso quando o pregador manda todo mundo
ficar de olhos fechados em oração e diz para quem quiser aceitar Jesus levantar
a mão. Até aí tudo bem. Se o pregador simplesmente fizer uma oração em favor
daqueles que levantaram as mãos, não houve chantagem. Mas a chantagem começa
quando o pregador em seguida, quando já está todo mundo de olhos abertos, pede
para quem levantou a mão ir à frente para receber uma oração.
O apelo seria também sem chantagem se o pregador convidasse direto para
ir à frente, sem antes ter levantado a mão, quando estava todo mundo com os
olhos fechados ou mesmo que todos estivessem de olhos abertos, cantando um hino
ou coisa parecida.
Agora, para ilustrar o que é um apelo impreciso, vou contar uma história
de quem viveu a situação e me contou.
Ele não era crente e foi convidado por um amigo para participar de uma
série de conferências evangelísticas em determinada igreja. Ele era casado e
tinha filhos, mas na primeira noite ele foi sozinho. O pregador fez apelo no
final da pregação convidando para ir à frente quem quisesse aceitar Jesus como
Salvador, mas ele não foi.
No dia seguinte, ele chamou a mulher e os filhos e foram para a referida
igreja com o propósito de aceitar Jesus como Salvador e Senhor. No final da
pregação, o pregador fez o apelo nos seguintes termos: "Se há alguém que
está aqui pela primeira vez e deseja a aceitar Jesus como Salvador e Senhor,
venha à frente". A mulher dele e os filhos foram à frente, e voltaram para
casa radiantes, e ele voltou muito triste e angustiado porque o pregador não
deu oportunidade para ele aceitar Jesus, porque ele já estava na igreja pela
segunda vez, e o pregador só deu oportunidade para quem estava pela primeira
vez.
No dia seguinte, ele falou com a mulher e os filhos para irem para a
igreja onde eles já tinham aceitado Jesus, mas ele iria a outra igreja porque
lá se o pregador convidasse para ir à frente quem estivesse pela primeira vez,
ele poderia ir e aceitar Jesus como Salvador e Senhor. Mas a mulher insistiu
com ele para ir mais uma vez na mesma igreja, quem sabe o pregador daria
oportunidade também para ele. Ele aceitou o conselho da esposa e foi mais uma
vez. O pregador começou o apelo da mesma forma, dando oportunidade para quem
tinha ido pela primeira vez. E ele ali no banco angustiado. Mas chegou um
momento em que o pregador refletiu um pouco e disse, "ou quem sabe há
alguém aqui que já veio outras vezes e ainda não aceitou Jesus, venha
agora." Ele saiu correndo do seu lugar e foi para frente aceitar Jesus
como único e suficiente Salvador e Senhor, e foi para casa contente, e estava
contente até o dia em que me contou esta história.
Depois disso, não o vi mais!
Adriano Pereira de Oliveira.
Tapiraí, São Paulo, Brasil, 21 de outubro de 2017.