domingo, 22 de outubro de 2017

O apelo e suas chantagens e imprecisões

Alguns pregadores evangélicos costumam fazer apelo no final da pregação para saber quem quer aceitar Jesus como Salvador.

Muita gente tem entregado sua vida a Jesus em resposta a esses apelos.

Louvado seja Deus por isso!

Mas esses apelos, em alguns casos, podem conter chantagens ou imprecisões, isto é, falta de clareza.

Considero que o apelo é chantagioso quando o pregador manda todo mundo ficar de olhos fechados em oração e diz para quem quiser aceitar Jesus levantar a mão. Até aí tudo bem. Se o pregador simplesmente fizer uma oração em favor daqueles que levantaram as mãos, não houve chantagem. Mas a chantagem começa quando o pregador em seguida, quando já está todo mundo de olhos abertos, pede para quem levantou a mão ir à frente para receber uma oração.

O apelo seria também sem chantagem se o pregador convidasse direto para ir à frente, sem antes ter levantado a mão, quando estava todo mundo com os olhos fechados ou mesmo que todos estivessem de olhos abertos, cantando um hino ou coisa parecida.

Agora, para ilustrar o que é um apelo impreciso, vou contar uma história de quem viveu a situação e me contou.

Ele não era crente e foi convidado por um amigo para participar de uma série de conferências evangelísticas em determinada igreja. Ele era casado e tinha filhos, mas na primeira noite ele foi sozinho. O pregador fez apelo no final da pregação convidando para ir à frente quem quisesse aceitar Jesus como Salvador, mas ele não foi.

No dia seguinte, ele chamou a mulher e os filhos e foram para a referida igreja com o propósito de aceitar Jesus como Salvador e Senhor. No final da pregação, o pregador fez o apelo nos seguintes termos: "Se há alguém que está aqui pela primeira vez e deseja a aceitar Jesus como Salvador e Senhor, venha à frente". A mulher dele e os filhos foram à frente, e voltaram para casa radiantes, e ele voltou muito triste e angustiado porque o pregador não deu oportunidade para ele aceitar Jesus, porque ele já estava na igreja pela segunda vez, e o pregador só deu oportunidade para quem estava pela primeira vez.

No dia seguinte, ele falou com a mulher e os filhos para irem para a igreja onde eles já tinham aceitado Jesus, mas ele iria a outra igreja porque lá se o pregador convidasse para ir à frente quem estivesse pela primeira vez, ele poderia ir e aceitar Jesus como Salvador e Senhor. Mas a mulher insistiu com ele para ir mais uma vez na mesma igreja, quem sabe o pregador daria oportunidade também para ele. Ele aceitou o conselho da esposa e foi mais uma vez. O pregador começou o apelo da mesma forma, dando oportunidade para quem tinha ido pela primeira vez. E ele ali no banco angustiado. Mas chegou um momento em que o pregador refletiu um pouco e disse, "ou quem sabe há alguém aqui que já veio outras vezes e ainda não aceitou Jesus, venha agora." Ele saiu correndo do seu lugar e foi para frente aceitar Jesus como único e suficiente Salvador e Senhor, e foi para casa contente, e estava contente até o dia em que me contou esta história.

Depois disso, não o vi mais!

Adriano Pereira de Oliveira.

Tapiraí, São Paulo, Brasil, 21 de outubro de 2017.